Covid-19: Um olhar sobre a adaptabilidade.
Estamos vivendo um período de incertezas.
A ansiedade e temores têm permeado grande parte dos lares mundo afora. Como lidar com as turbulências e adquirir o mínimo de equilíbrio mental neste momento?
A dificuldade de concentração e preocupação quanto as atualizações dos noticiários causam prejuízos no desempenho de determinadas atividades.
Paira no ar aquela sensação de impotência e de falta de controle.
Respire fundo.
Entenda que se você se reconhece em uma situação muito difícil, também pode se perceber capaz de suportá-la.
Ao resistir e enfrentar as adversidades você caminha rumo ao seu fortalecimento interno e se direciona à resolução de suas dificuldades.
É um exercício de resiliência. É se permitir enxergar além daquilo que se vê. É olhar de perto para os problemas presentes e ainda assim acreditar que será possível se recuperar e prosperar.
É preciso paciência.
As nossas experiências no “mundo das coisas” – aquele que visa o consumo em excesso (quanto mais coisas eu tiver, melhor), que objetiva o acúmulo de riqueza (quanto mais dinheiro, melhor), que objetifica pessoas (quanto melhor a aparência, melhor) e que quer tudo para ontem (quanto mais rápido, melhor) – nos afasta de nossa capacidade de aprofundamento, de enraizamento, de ponderação. Nos afasta de nossa capacidade de esperar e de acreditar que a tormenta vai passar. De acreditar que é possível mudar. De acreditar que o ser humano pode melhorar.
É hora de exercer a responsabilidade coletiva. De entender que todos juntos e com o mesmo propósito farão a diferença. É ter a consciência que atitudes dissociadas do objetivo em questão prejudicam o outro e, como num efeito cascata, todos nós.
É hora de olhar para o todo e se distanciar do olhar autocentrado.
É hora de agir com humanidade e cidadania.
Enfim, para todos os que enfrentam hoje as dificuldades do isolamento, digo que é necessário se reinventar, se descobrir e redescobrir. É preciso renunciar e também lutar. Para isso é preciso disposição, esforço e persistência.
Lance mão dos rearranjos, certos hábitos e rotinas deverão ser reajustados.
Busque alternativas para as atividades que hoje não podem ser realizadas devido ao isolamento social. Olhe para suas aptidões e interesses com o objetivo de se guiar para estabelecer novas atividades prazerosas.
Se dê oportunidade para se adaptar as mudanças na rotina. Tudo bem se sentir desconcentrado na quarentena, sua mente e seu corpo precisam de um tempo para assimilar a nova realidade. Não se cobre excessivamente sem necessidade.
Procure observar-se em seus comportamentos e sentimentos e faça alterações quando necessário. Por exemplo:
- Acompanhar os jornais o dia todo pode estimular sintomas ansiosos e depressivos, portanto estipule se atualizar de forma limitada, como duas ou três vezes ao dia.
- Certos grupos do WhatsApp podem exercer influência negativa quando há um excesso no envio de informações (verdadeiras ou não). Considere silenciá-los durante este período.
- Identifique se há sobrecarga emocional ou física perante a dinâmica do lar. Converse com as pessoas da sua casa para que haja cooperação e distribuição (ou redistribuição) de responsabilidades. Peça ajuda sempre que necessário.
Busque agir conscientemente. Para isso será importante saber desacelerar.
Aproveite o momento para refletir. Aproveite para se perceber em sua totalidade. Olhe para seus incômodos e reflita.
O quanto você consegue lidar com a frustração e sensação de falta de controle?
Como você pode se conhecer mais somente ao observar como interage com as pessoas de seu convívio?
O que é mais importante para você em sua vida?
Esta pandemia surgiu como uma grande tempestade causando transtornos, inquietações e temores. Também surgiu como uma oportunidade para se reinventar.
É uma chance para mostrar que todos podemos nos rearranjar de algum modo. Todos somos capazes.
Somos capazes de questionar o mundo em que vivemos e o modo como vivemos.
Sejam quais forem suas reflexões e aprendizados, os faça com consciência e coragem.
Este momento difícil vai passar. E cabe somente a você a escolha daquilo que vai levar.
“Nosso modo de ser condiciona nosso modo de ver” – C.G. Jung
4 Comentários
Claudia Oikawa O.Lopes
Certissima! Tempos de dificuldades, nos permite oportunidades de melhoras em diversos aspectos. Seja rever sentimentos, seja rever verdadeiras prioridades essenciais a sua saude mental, espiritual, que te facam bem e feliz..rever o tempo gasto com tudo, rever formas de trabalho, rever ate seus gastos e habitos..o que realmente tem valor na tua vida!
Psicóloga Laura Sato
Exatamente, Claudia!
É uma oportunidade para revisões e aprendizados.
Obrigada pelo seu comentário!
Marc Leon
Olá Laura,
Vc menciona frustração , falta de controle , ansiedade, mas pessoalmente estou sentindo também a falta de liberdade , a obrigação de abandonar hábitos e principalmente o medo; medo de ficar doente, precisar ser internado …, medo também do desconhecido; quanto tempo vai durar a crise?
Como será a sociedade depois ?
Ninguém tem as respostas hoje, só previsões imprecisas ou palpites e isto gera uma inevitável ansiedade.
Acho que nesta situação, o melhor é ir se adaptando às necessidades do dia a dia, sem pensar demais num futuro incerto.
Psicóloga Laura Sato
Realmente, Marc. A sensação de falta de liberdade devido a esse momento de restrições é um incômodo sentido pela maioria das pessoas.
Para lidar melhor com esse aspecto sugiro fazer uma reflexão sobre: possibilidades e escolhas.
Sobre o ser livre para reconhecer possibilidades, entendê-las e fazer escolhas de acordo com aquilo que se é.
É o ser livre em sua substância, para poder optar, todos os dias, como se deseja viver e sentir-se em harmonia com as renúncias que envolvem as escolhas de vida que sempre fazemos.
Em relação aos medos e preocupações frente às incertezas, você está certo. A melhor forma de seguir em frente é buscar se adaptar a esta realidade e confiar na própria capacidade de superação.
Obrigada pelo seu comentário!